sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Biomarcadores na Sepse - usar ou não usar?

O uso de biomarcadores vem marcando presença nas discussões pertinentes à medicina intensiva e também à Sepse, tanto que foi destaque na programação do 39Th Critical Care Congress, que aconteceu no mês de janeiro, em Miami e também marcou presença no II Pós-SCCM, que foi apresentado pelo Dr. José Eduardo Castro, do Rio de Janeiro.

Com a pergunta "Devemos usar biomarcadores para guiar o cuidado à Sepse", o Dr. José Eduardo, iniciou a apresentação de sua palestra dentro do tema Infecções na UTI.

Biomarcadores são indicadores de processos biológicos normais que podem estar alterados na doença e seu uso deve estar no Prognóstico: o paciente está doente?, Diagnóstico: o que deve ser feito? e na Monitorização: a terapia está funcionando?

No diagnóstico os biomarcadores identificam um processo modificável, prediz resposta diferencial ao tratamento e são universalmente utilizados em Terapia Intensiva. Na Monitorização detectam uma resposta, permitem a titulação e aperfeiçoamento do tratamento.

Um biomarcador deve ser capaz de avaliar a resposta à terapia, possibilitar a adequação do tratamento de acordo com a resposta, assim como a otimização da terapia. No IAM, temos excelentes marcadores diagnósticos. Pelo ECG sabemos se o paciente tem infarto ou angina. Mas a grande pergunta é: e na Sepse?

Pelo conteúdo apresentado durante o SCCM e Pós-SCCM, na Sepse, o marcador mais frequentemente utilizado, o número de leucócitos, tem valor questionável. Desta forma, centenas de marcadores têm sido, então, avaliados em pacientes graves e sua importância residiria na capacidade de avaliar respostas à terapêutica. Também na Sepse, a procalcitonina tem sido a mais estudada, assim como a PCR, e já são numerosos os estudos que determinaram o valor cada vez maior da procalcitonina como método auxiliar na beira do leito.

Na Sepse, isso se torna muito mais complicado. Somente no ano de 2009, centenas de publicações contemplaram esses marcadores. E apenas em um deles (Shapiro e colaboradores), 150 biomarcadores foram avaliados. Estes autores descreveram NGAL, proteína C, IL-1ra e o escore SEPSIS, como os de maior acurácia. O de maior destaque, na atualidade, parece ser a procalcitonina, com inúmeras publicações. Outro biomarcador, o clareamento do lactato, parece ser mais importante que a ScvO2, segundo estudo recente.

Em relação à capacidade de avaliar risco de morte na Sepse, outros determinantes foram considerados, como idade e presença de comorbidades.

Na conclusão de sua palestra o Dr. José Eduardo, apresentou as seguintes considerações: Um biomarcador pode informar e refinar uma decisão terapêutica; O seu valor prognóstico é limitado ou não existe e Biomarcadores são interpretados no contexto de múltiplos dados clínicos.

Fonte: AMIB

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